A governadora Ana Júlia Carepa homologou nesta quarta-feira (15) a situação de emergência na cidade de Altamira, na região oeste do Pará. Após sobrevoar boa parte do município pela manhã, a governadora visitou um dos abrigos e percorreu o Baixão do Tufi, um dos 11 bairros afetados pelas águas das chuvas, que castigaram a cidade no último dia 12.
A situação de emergência permite a dispensa de licitação, tanto para Prefeitura quanto para o Estado, nas compras e contratações de serviços destinados a atender a população atingida pelas águas. Em Altamira, o rompimento de barragens arrastou casas e estabelecimentos comerciais e provocou perdas de eletrodomésticos, móveis e outros objetos.
Ana Júlia Carepa fez a entrega simbólica das primeiras mil cestas básicas destinadas às vítimas e anunciou a chegada para sexta-feira, dia 17, de colchões, lençóis, mosquiteiros e mais 1,5 mil cestas de alimentação.
Com a situação de emergência, o governo vai poder acelerar os trabalhos de recuperação da ponte sobre a rodovia Ernesto Acioly, arrastada pela força da enxurrada.
Água potável - A Cosanpa (Companhia de Abastecimento do Pará) também já anunciou a compra, no comércio local, de 20 reservatórios de água e abertura de torneiras públicas para atender a população que usava água de poço. No bairro da Aparecida, onde foi interrompido o serviço de abastecimento de água, os trabalhos de reconstrução da adutora devem ser concluídos em no máximo cinco dias.
A Defesa Civil vai instalar um Hospital de Campanha no Parque de Exposição Agropecuária, onde está concentrada a maioria dos desabrigados. O atendimento será agilizado e só serão encaminhados ao Hospital Regional da Transamazônica os casos mais graves. Não há registros de mortes nem de desaparecidos, como chegou a ser noticiado.
Até as 12 horas desta quarta-feira foram cadastradas 227 famílias nos abrigos. A Defesa Civil espera concluir, até domingo (19), o levantamento total de pessoas que tiveram suas casas destruídas e as que perderam eletrodomésticos, documentos e outros bens.
Uma das vítimas é o pedreiro Gilvan Fonseca de Melo, natural de Araguaína, Estado do Tocantins. Ele, que morava com a irmã e cinco crianças, perdeu casa, geladeira, televisão, roupas e documentos.
Elias Barbosa Rodrigues, que também perdeu tudo, espera que a prefeitura doe um terreno e o governo estadual o material de construção, para que possa erguer uma nova residência. “A gente faz um mutirão e levanta a nossa casa”, disse. Eunice Pereira da Silveira morava num barraco com quatro famílias, e também viu a água levar "cama, colchão, roupas e calçados”.
Cinco técnicos, entre psicólogos e assistentes sociais da Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social (Sedes), se juntaram aos servidores que fazem levantamentos da infraestrutura e prestarão apoio aos desabrigados.
O governo também estuda a possibilidade de conceder cheque moradia às famílias que perderam suas casas. Mas condiciona que a construção seja feita em terrenos apropriados, longe das encostas e dos igarapés.
Ana Júlia Carepa anunciou também que está buscando ajuda nos Ministérios de Integração Nacional, Defesa e Saúde para atender Altamira, Parauapebas, Marabá, Almeirim e Brasil Novo, municípios também afetados pelas fortes chuvas e transbordamento dos rios.
Responsabilidade - Durante a entrevista coletiva que concedeu na sede do Corpo de Bombeiros, a governadora foi muito cautelosa quando questionada sobre os responsáveis pelos estragos decorrentes da elevação dos níveis dos igarapés Altamira, Ambé e Panela.
Ela informou que equipes do Instituto de Perícias Científicas Renato Chaves, da Delegacia de Meio Ambiente e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Polícia Civil e Polícia Federal estão levantando todos os detalhes para identificar até que ponto o rompimento das barragens contribuiu para deixar a cidade debaixo d´água.
A governadora ressaltou, no entanto, que tanto os que cometeram crimes ambientais como os que se omitiram de licenciar e fiscalizar serão responsabilizados. O promotor de Justiça Emério Mendes Costa, do Ministério Público Estadual, disse que está preocupado com a coleta de lixo, que no município é precária devido ao sucateamento dos equipamentos de limpeza pública.
A cidade não tem aterro sanitário, e sim um lixão a céu aberto, às proximidades da rodovia Transamazônica. Com o rompimento das barragens feitas para criação de peixe, a água arrastou parte do lixão, o que cria um ambiente propício à proliferação de doenças.
Segundo a governadora, a responsabilidade pela coleta de lixo é da Prefeitura, que agora, com a situação de emergência, poderá contratar, sem licitação, veículos e pessoas para fazer a limpeza da cidade.
O deputado estadual Domingos Juvenil, presidente da Assembléia Legislativa, que acompanhou a governadora na visita a Altamira, disse que muitas associações profissionais e empresariais estão dispostas a fazer um mutirão para a limpeza urbana.
União - Ana Júlia Carepa prestou solidariedade aos desabrigados que estão no Ginásio Poliesportivo e ressaltou a importância da união, já que o momento é de solidariedade e não de disputa. “O que está em jogo é a dor e o sofrimento de centenas de famílias, e é isso que deve nos unir para poder ajudar as pessoas atingidas pelas águas”, declarou.
O bispo do Xingu, dom Erwin Krautler, acompanhou a governadora na visita, junto como o deputado Aírton Faleiro, líder do Governo na Assembléia Legislativa; os secretários estaduais de Integração Regional, André Farias; de Saúde Pública, Laura Rossetti, e de Assistência e Desenvolvimento Social, Eutália Barbosa; o presidente da Cohab, Geraldo Bitar; a prefeita de Altamira, Odileuda Sampaio, e lideranças de movimentos sociais.
Texto: Paulo Roberto Ferreira - Secom
puxa lamento muito com o que está acontecendo com Juruti devido a enchente, pois sou Jurutiense e moro ha muitos anos em Manaus.
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